Mmia indica
dinossauro mais veloz que tiranossauro
Um hadrossauro parcialmente mumificado e descoberto
por um adolescente de Dakota do Norte (EUA) pode ser
o dinossauro mais completo j encontrado, com a pele
intacta mostrando estrias na superfcie e talvez
tecido mole, disseram pesquisadores na
segunda-feira.
 |
Uma poro suficiente do animal continua intacta
para provar que o hadrossauro corria velozmente e
que era mais musculoso do que os cientistas
acreditavam. |
"Isso mais ou menos como uma fuso do fara Tut
como T. Rex", afirmou o paleontlogo Phil Manning,
da Universidade de Manchester (Gr-Bretanha), em uma
entrevista concedida por telefone.
A criatura est fossilizada sua pele e seus ossos
transformaram-se em pedra. Mas, ao contrrio da
maior parte dos fsseis de dinossauro,
preservaram-se os tecidos tambm.
Isso incluiu uma grande parte da pele no animal, que
mostra claramente a marcao de escamas.
"A sensao no de pele real. Trata-se de uma pele
fossilizada", afirmou Manning. "Mas, quando se a
a mo sobre a pele do dinossauro, isso o mais
perto que se chegar de tocar um dinossauro de
verdade."
O restos mortais do hadrossauro, batizado de Dakota,
foram encontrados em 2000 por Tyler Lyson, ento com
17 anos de idade, no rancho do tio dele no Estado de
Dakota do Norte.
O hadrossauro, um animal herbvoro que caminhava
apoiado sobre suas pernas, viveu 67 milhes de anos
atrs, durante o perodo cretceo.
Lyson entrou com contato com Manning. A Sociedade
Geogrfica Nacional, que ajudou a pagar pela
expedio, levar ao ar, no domingo, um programa de
TV sobre o trabalho da equipe.
Manning fez com que a equipe retirasse o animal
monstruoso de maneira quase intacta. Apenas a causa
dele saiu dentro de um bloco em separado.
O fssil pesava perto de 4.500 quilos.
Os pesquisadores conseguiram convencer a Boeing e a
Nasa (agncia espacial dos EUA) a usarem um enorme
aparelho de tomografia computadorizada existente em
Canoga Park (Califrnia) e utilizado geralmente para
escanear pedaos de nibus espaciais.
O fssil denso levou meses para ser totalmente
escaneado, disse Manning. "Saberemos nos prximos
dias se a cabea dele est l."
A causa revelou algumas surpresas. A parte traseira
do animal 25 por cento maior do que se pensava
anteriormente.
Cientistas encontram
garra de escorpio pr-histrico gigante
Pesquisadores europeus encontraram a garra
fossilizada de um escorpio do mar de 2,5 metros de
comprimento em uma pedreira, na Alemanha, segundo
artigo publicado na revista especializada "Biology
Letters".
A espcie viveu h 390 milhes de anos e foi nomeada
Jaekelopterus rhenaniae. Ela teria habitado rios e
pntanos.
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A espcie viveu h 390
milhes de anos e foi nomeada Jaekelopterus rhenaniae
Segundo os cientistas, o tamanho do escorpio sugere que outros
animais, como aranhas, insetos, caranguejos e criaturas similares
podem ter sido muito maiores no ado do que se pensava.
Apenas a garra encontrada mede 46 cm, indicando que o dono dela
seria maior do que um homem de altura mdia.
O fssil torna este escorpio quase 50 cm maior do que qualquer
outro j encontrado anteriormente.
Acredita-se que os euriptridos so os ancestrais aquticos, j
extintos, dos modernos escorpies e possivelmente de todos os
aracndeos.
"O maior escorpio em existncia mede quase 30 cm. Isso mostra o
quo grande essa criatura era", disse Simon Braddy, da Universidade
de Bristol, na Inglaterra, um dos autores do artigo.
Markus Poschmann, co-autor, foi quem descobriu o fssil perto de
Prum, no sudoeste da Alemanha. |
"Eu estava escavando pedacinhos de pedra com um
martelo e um formo, quando me dei conta de que
havia uma mancha negra de matria orgnica em uma
pedra recm-retirada", lembra ele.
"Depois de limp-lo, pude perceber que se tratava do
pedao de uma garra grande. Apesar de no saber se
ela estaria completa, decidi continuar a escavao."
"Os pedaos foram limpos separadamente, secos, e
ento colados. A garra foi ento colocada em um
molde de gesso para que fosse estabilizada."
A espcie viveu durante um perodo em que os nveis
de oxignio na atmosfera terrestre eram muito mais
altos do que os de hoje.
Alguns paleontlogos dizem acreditar que essa
abundncia de oxignio foi parcialmente responsvel
pelo tamanho de muitos invertebrados que existiam na
poca, como centopias monstruosas, baratas gigantes
e liblulas jumbo.
Mas Braddy diz acreditar que o tamanho gigante, na
verdade, estava relacionado falta de predadores
vertebrados. Quando eles surgiram, os insetos
gigantes viraram presa.
"Se voc for grande, mais provvel que voc seja
visto e identificado como uma refeio gostosa",
disse ele BBC. "A evoluo no seleciona os
maiores; se voc for pequeno, voc consegue se
esconder."
Acredita-se que os escorpies comearam a andar na
terra h cerca de 450 milhes de anos.
Enquanto alguns viraram animais terrestres, outros,
como o Jaekelopterus rhenaniae, teriam mantido um
estilo de vida aqutico, ou semi-aqutico.
Dinossauro bpede
respiraria como ave mergulhadora
Os dinossauros terpodos (bpedes) tinham um sistema
respiratrio comparvel aos das aves mergulhadoras
de hoje, afirmam os autores de um estudo publicado
nesta quarta-feira nos Anais da Sociedade Real
britnica.
Esta pesquisa realizada sob a direo do bilogo
Jonathan Codd, da Universidade de Manchester,
baseia-se em anlises comparativas dos restos
fsseis de dinossauros Maniraptora (do grupo que
inclui aves e rpteis semelhantes) e a anatomia das
aves atuais.
O estudo revelou que alguns destes pequenos
dinossauros carnvoros, como o velociraptor ("ladro
veloz"), apresentavam estruturas sseas anlogas s
que se observa na caixa torcica e conhecida com o
nome cientfico de processo uncinado. Trata-se de
pequenas alavancas que suspendem as laterais e o
esterno (osso da parte anterior do trax) durante a
respirao.
O aparelho respiratrio das aves bem diferente do
que se observa entre os mamferos. Para que os
animais dispensem a enorme quantidade de energia que
necessitam para voar, ele surpreendentemente
pequeno, mas de um enorme rendimento, graas um
sistema de sacos areos.
Um fato interessante, ressaltam os cientistas, que
os processos uncinados apresentam um comprimento
proporcional forma de locomoo das diferentes
aves: so curtos nas aves corredoras, intermedirios
nas espcies que s voam e compridas para as que
tambm mergulham, assim como entre os dinossauros.
Para os pesquisadores, a existncia de uma estrutura
como o processo uncinado entre os dinossauros sugere
que os rpteis pr-histricos dispem de um sistema
respiratrio eficaz e, alm disso, "sustenta a
hiptese segundo a qual eles foram muito ativos e
capazes de seguir rapidamente suas presas".
"Um certo nmero de estudos j haviam mostrado que
os dinossauros eram os ancestrais diretos das aves"
lembram os cientistas.
"Nossos resultados vo no mesmo sentido", concluem
Jonathan Codd e o co-autor do estudo, o paleontlogo
Phil Manning. "Eles mostram que as semelhanas se
estendem s estruturas respiratrias e que estes
dinossauros respiram como as aves, com a ajuda de
sacos areos".
Descoberta nova
espcie de dinossauro gigante
Um grupo de paleontlogos
brasileiros e argentinos apresentou nesta
segunda-feira o mais completo esqueleto de uma nova
espcie de dinossauro gigante, da linhagem dos
titanossauros.
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O Futalognkosaurus dukei, um herbvoro que viveu na
regio correspondente ao norte da Patagnia h cerca
de 80 milhes de anos, tinha entre 32 e 34 metros,
tamanho semelhante ao do Cristo Redentor. O nome
dele compe-se de uma parte inspirada na lngua
indgena mapuche que significa "o chefe gigante dos
lagartos", e de uma referncia empresa de energia
norte-americana Duke Energy Corp, que patrocinou as
escavaes. |
Segundo o paleontlogo argentino Juan Porfiri, 70%
do fssil estavam preservados, uma cifra
significativa diante da marca de cerca de 10%
relativa ao que se conseguiu encontrar de outros
esqueletos de dinossauros no mundo. "Trata-se de uma
nova espcie, de um novo grupo", afirmou.
Alexandre Kellner, pesquisador do Museu Nacional no
Rio de Janeiro, informou que "temos todas as
vrtebras entre a primeira do pescoo e a primeira
da cauda, o que poder nos permitir reavaliar outros
dinossauros". Kellner afirmou que foram encontrado
um acmulo de fsseis de peixes e de folhas, bem
como os restos de outros dinossauros no local da
descoberta. " bastante raro encontrar os
dinossauros e as folhas juntas. Isso nos deixou
muito contentes", afirmou. |
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Os pesquisadores disseram que a carcaa do
gigantesco dinossauro, morto por causas
desconhecidas e que teve sua carne devorada por
predadores, acabou sendo levada para um rio de
correntezas mansas existente nas proximidades. Ali,
o esqueleto transformou-se em uma espcie de
obstculo, acumulando ossos e folhas em sua
estrutura durante vrios anos antes de
fossilizar-se. |
Britnico diz ter
encontrado pegada de Tiranossauro rex
Um paleontlogo britnico encontrou o que acredita
ser uma pegada preservada de Tiranossauro rex, o
famoso dinossauro predador.
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Paleontlogo britnico diz ter encontrado pegada do
predador Tiranossauro rex
A suposta pegada, com cerca de um metro quadrado e
que indica a possvel presena de trs dedos, foi
descoberta em Montana, nos Estados Unidos, em uma
regio rida onde j sugiram indcios da presena de
vrios exemplares de dinossauros no ado.
|
Phil Manning, do Museu da Universidade de
Manchester, na Inglaterra, viu a marca pela primeira
vez no ano ado.
Ele voltou para os Estados Unidos em julho para
estudar mais a pegada e agora pretende divulgar os
detalhes dessa anlise, que inclui desenhos e fotos,
em uma publicao cientfica.
Manning disse que estas trilhas so um dado
importante para o entendimento de como os animais de
grande porte viviam h mais de 65 milhes de anos.
"As pessoas esto tentando encontrar essas trilhas
h mais de cem anos. E estas so realmente muito
especiais porque elas colocam o animal 'na cena do
crime'", disse.
Segundo Manning, "ossos podem ser transportados
depois da morte", mas a trilha "coloca o animal no
contexto onde ele costumava viver".
Cientistas descrevem
nova espcie de dino como "Schwarzenegger"
Uma nova espcie de dinossauro, apelidado de
"Schwarzenegger", acaba de ser descrita pela
primeira vez por cientistas em um artigo publicado
pela revista especializada "Zoological Journal of
the Linnean Society".
Segundo os cientistas, o Gryposaurus monumentensis,
com seu grande bico, centenas de dentes e 10 metros
de comprimento, pertence maior e mais forte
espcie j encontrada da famlia dos hadrossauros,
os dinossauros de bico-de-pato.
 |
Gryposaurus monumentensis, com seu grande bico e
centenas de dentes tem 10 metros
A criatura de duas pernas, descoberta em um parque
nacional no sul do Estado americano do Utah em 2004,
viveu nas florestas cretceas da Amrica do Norte
entre 65 e 85 milhes de anos atrs e era um
herbvoro. |
"Quando voc combina 800 dentes com uma mandbula
muito grande e forte, e um bico, voc tem um
formidvel comedor de plantas", disse um dos autores
do artigo Terry Gates, do Museu de Histria Natural
de Utah.
"Ele era o Arnold Schwarzenegger dos dinossauros de
bico-de-pato", disse Scott Sampson, tambm do museu.
O Gryposaurus monumentensis foi encontrado no parque
nacional Grand Staircase-Escalante National
Monument, no sul do Estado. O local um dos
favoritos de paleontlogos, que j encontraram
outras espcies na regio, entre elas o dinossauro
carnvoro Hagryphus, parecido com o Velociraptor, e
espcies de tiranossauros.
Aves modernas surgiram
na gua, indica novo fssil
O animal esquisito e cheio de dentes
do desenho abaixo, que mais parece um cruzamento
cheio de dentes de pato com andorinha, pode ser um
ancestral de todas as aves modernas. Quem diz um
grupo de pesquisadores da China e dos Estados
Unidos, que desenterrou fsseis espetaculares do
animal em rochas de 110 milhes de anos do noroeste
chins.
 |
Reconstituio mostra o Gansus em seu provvel
ambiente
A espcie em si no nova. Ela j havia sido
identificada na dcada de 1980, com base em um nico
osso, e batizada como Gansus yumenensis --o nome
sugestivo, mas trata-se apenas de uma referncia
Provncia chinesa de Gansu, onde seus restos foram
desenterrados. |
Mas os cerca de 40 fsseis do animal em bom estado
de conservao recm-descobertos pela equipe se
Hai-lu-You, da Academia Chinesa de Geologia, e Matt
Lamanna, do Museu Carnegie de Histria Natural
(Estados Unidos), permitiram pela primeira vez um
olhar detalhado sobre o Gansus. E revelam que as
aves modernas, como o frango do seu almoo,
provavelmente surgiram num ambiente aqutico.
"A maioria dos ancestrais das aves que viveram na
era dos dinossauros so membros de grupos que se
extinguiram sem deixar descendentes", afirmou
Lamanna. "Mas o Gansus levou s aves modernas, ento
um elo entre as aves primitivas e aquelas que
vemos hoje."
 |
Esqueleto fossilizado da ave chinesa
Os novos fsseis do Gansus foram achados em rochas
da chamada formao Xiagou. Elas datam do primeiro
tero do Perodo Cretceo, o ltimo da era dos
dinossauros, encerrado h 65 milhes de anos. A
idade faz da espcie o mais antigo membro do grupo
dos ornituros, que inclui todas as aves modernas e
os seus parentes extintos mais prximos. |
"O Gansus o mais antigo exemplo das aves quase
modernas que divergiram do tronco da rvore
genealgica que comea com a proto-ave
Archaeopteryx", disse o americano Peter Dodson, da
Universidade da Pensilvnia. Ele co-autor do
estudo que descreve os novos fsseis, publicado na
edio de hoje do peridico cientfico americano
"Science".
Vrios dos esqueletos da ave, que tinha o tamanho
aproximado de uma andorinha, possuam tecidos moles
preservados e at penas. Em um deles, ainda havia
impresses de pele em volta de um dos dedos, o que
permitiu aos pesquisadores confirmar que o Gansus
yumenensis era aqutico.
Asas potentes
Os esqueletos indicam que o Gansus tinha
caractersticas surpreendentemente modernas para um
animal dessa idade. A principal delas eram ombro e
asas bem desenvolvidos. "Embora aqutica, ela tinha
um bom vo", disse Folha o paleontlogo Herculano
Alvarenga, do Museu de Histria Natural de Taubat,
especialista em aves pr-histricas.
O pesquisador qualifica a descoberta como
"extremamente interessante", e com potenciais
implicaes para o Brasil: a idade da formao na
qual o fssil chins foi encontrado mais ou menos
a mesma das rochas da chapada do Araripe, no Cear,
onde j se encontraram penas isoladas.
"Isso faz pensar na possibilidade de um bicho
semelhante por aqui", disse Alvarenga.
O paleontlogo paulista diz, no entanto, que o fato
de o Gansus e vrias outras aves do Cretceo serem
aquticas no autoriza a pensar necessariamente numa
origem aqutica para as aves modernas. "O grande
problema que o ambiente aqutico mais propcio
fossilizao", conta. "Ele pode nos dar pistas
falsas."
Com agncias internacionais
Dinos brasileiros
am por "exploso demogrfica"
Faz 65 milhes de anos que eles se
extinguiram, mas, paradoxalmente, os dinossauros
brasileiros esto ando agora por uma exploso
demogrfica, pelo menos em nmero de espcies
descritas. E, entre eles, nenhum grupo est
florescendo tanto, em termos de conhecimento
cientfico, quanto o dos titanossauros, herbvoros
pescoudos que foram os maiores animais terrestres
de todos os tempos.
Recentemente, a lista ou bem perto de ficar
ainda maior, com um gigante mais avantajado que
todos os j conhecidos. No se trata do j clebre
Maxakalisaurus topai, um titanossauro apresentado ao
pblico h menos de um ms por pesquisadores do
Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro). O M. topai ganhou, alm do nome
cientfico, o apelido de maior dinossauro
brasileiro, com 13 m de comprimento. Mas um
conterrneo e "primo" dele tinha pelo menos 15
metros de comprimento (e talvez chegasse a 20),
revela uma dupla de paleontlogos paulistas.
A existncia do monstro foi relatada por Rodrigo
Miloni Santucci, do DNPM (Departamento Nacional de
Produo Mineral), e Reinaldo Jos Bertini, da Unesp
(Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, em
artigo na revista cientfica alem "Neues Jarbuch
fr Geologie und Palontologie".
A regio de origem do bicho, o distrito de
Peirpolis, perto de Uberaba (MG), a mesma do M.
topai. Um dos revisores annimos do estudo, no
entanto, considerou que o material fossilizado
--duas vrtebras-- no era suficiente para, pelo
menos por enquanto, dar criatura um nome de
espcie.
"Foi muito frustrante. As vrtebras so
completamente distintas, nicas e muito
diagnsticas", declarou Folha Reinaldo Bertini,
que j "pai" de duas outras espcies de
titanossauro. Ele e Santucci haviam planejado
batizar o gigante, que tambm um titanossauro, de
Uberabasaurus magnificens ("lagarto magnfico de
Uberaba"). Por enquanto, diz o paleontlogo, a dupla
ficar em como de espera em relao ao material.
"Talvez formalizemos algo breve, em outra revista. O
mais importante foi dizer que estudamos o material,
que traz alguns pontos interessantes para
discusso", afirma.
Apesar de estar representado por apenas duas
vrtebras portentosas, o bicho revela alguns
detalhes interessantes. A bvia robustez dos ossos
sugere um andar lento e pausado, como o de um
elefante, e os paleontlogos encontraram uma
estranha assimetria nas vrtebras. "Seria algo
patolgico? Se o fosse, poderia trazer seqelas
coluna vertebral do animal", especula Bertini,
ressaltando que esse tipo de assimetria no era
incomum em saurpodes (o nome genrico para os dinos
herbvoros pescoudos). Como os demais bichos de
Uberaba, ele deve ter vivido h cerca de 70 milhes
de anos.
Famlia numerosa
Com mais esse achado, um "boom" tupiniquim de
titanossauros parece estar definitivamente
configurado. Max Cardoso Langer, paleontlogo da USP
de Ribeiro Preto, lembra que, at 1996, s duas
espcies de dinossauro (uma delas incerta) tinham
sido descritas no pas. De l para c, a conta
saltou para 15, um tero das quais so
titanossauros.
O que esses bichos, que apresentavam grande
variedade de tamanho (alguns eram relativamente
pequenos, com uns 10 metros) e tinham grandes
escudos sseos no couro, podem ter tido de especial?
"O nicho de grandes herbvoros no Cretceo [a fase
final da Era dos Dinossauros] da Amrica do Sul era
basicamente ocupado, e muito bem, por
titanossauros", diz o pesquisador. "Dos 90 gneros
conhecidos de saurpodes, algo como 30 so
titanossauros, e se voc se restringe ao Cretceo,
eles am a ser 30 dos 45. Fica claro que eles
eram, em geral, diversos como um todo", explica
Langer. Some-se a isso o fato de que talvez no
houvesse competidores de outras famlias por aqui na
poca, e fica explicado porque tantas espcies
desses herbvoros andam saindo das rochas do
Tringulo Mineiro.
Por outro lado, o paleontlogo Ismar de Souza
Carvalho, da UFRJ, diz acreditar que o "boom" de
titanossauros pode ser uma iluso criada pela rea
mais estudada, a bacia Bauru (que inclui os Estados
de So Paulo e Minas Gerais, entre outros), e pela
idade que a acompanha. "Se os trabalhos forem mais
diversificados geograficamente e temporalmente, os
grupos de dinossauros sero outros", avalia.
Aves modernas surgiram na gua,
indica novo fssil
O animal esquisito e cheio de dentes
do desenho abaixo, que mais parece um cruzamento
cheio de dentes de pato com andorinha, pode ser um
ancestral de todas as aves modernas. Quem diz um
grupo de pesquisadores da China e dos Estados
Unidos, que desenterrou fsseis espetaculares do
animal em rochas de 110 milhes de anos do noroeste
chins.
 |
Reconstituio mostra o Gansus em seu provvel
ambiente
A espcie em si no nova. Ela j havia sido
identificada na dcada de 1980, com base em um nico
osso, e batizada como Gansus yumenensis --o nome
sugestivo, mas trata-se apenas de uma referncia
Provncia chinesa de Gansu, onde seus restos foram
desenterrados. |
Mas os cerca de 40 fsseis do animal em bom estado
de conservao recm-descobertos pela equipe se
Hai-lu-You, da Academia Chinesa de Geologia, e Matt
Lamanna, do Museu Carnegie de Histria Natural
(Estados Unidos), permitiram pela primeira vez um
olhar detalhado sobre o Gansus. E revelam que as
aves modernas, como o frango do seu almoo,
provavelmente surgiram num ambiente aqutico.
"A maioria dos ancestrais das aves que viveram na
era dos dinossauros so membros de grupos que se
extinguiram sem deixar descendentes", afirmou
Lamanna. "Mas o Gansus levou s aves modernas, ento
um elo entre as aves primitivas e aquelas que
vemos hoje."
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Esqueleto fossilizado da ave chinesa
Os novos fsseis do Gansus foram achados em rochas
da chamada formao Xiagou. Elas datam do primeiro
tero do Perodo Cretceo, o ltimo da era dos
dinossauros, encerrado h 65 milhes de anos. A
idade faz da espcie o mais antigo membro do grupo
dos ornituros, que inclui todas as aves modernas e
os seus parentes extintos mais prximos. |
"O Gansus o mais antigo exemplo das aves quase
modernas que divergiram do tronco da rvore
genealgica que comea com a proto-ave
Archaeopteryx", disse o americano Peter Dodson, da
Universidade da Pensilvnia. Ele co-autor do
estudo que descreve os novos fsseis, publicado na
edio de hoje do peridico cientfico americano
"Science".
Vrios dos esqueletos da ave, que tinha o tamanho
aproximado de uma andorinha, possuam tecidos moles
preservados e at penas. Em um deles, ainda havia
impresses de pele em volta de um dos dedos, o que
permitiu aos pesquisadores confirmar que o Gansus
yumenensis era aqutico.
Asas potentes
Os esqueletos indicam que o Gansus tinha
caractersticas surpreendentemente modernas para um
animal dessa idade. A principal delas eram ombro e
asas bem desenvolvidos. "Embora aqutica, ela tinha
um bom vo", disse Folha o paleontlogo Herculano
Alvarenga, do Museu de Histria Natural de Taubat,
especialista em aves pr-histricas.
O pesquisador qualifica a descoberta como
"extremamente interessante", e com potenciais
implicaes para o Brasil: a idade da formao na
qual o fssil chins foi encontrado mais ou menos
a mesma das rochas da chapada do Araripe, no Cear,
onde j se encontraram penas isoladas.
"Isso faz pensar na possibilidade de um bicho
semelhante por aqui", disse Alvarenga.
O paleontlogo paulista diz, no entanto, que o fato
de o Gansus e vrias outras aves do Cretceo serem
aquticas no autoriza a pensar necessariamente numa
origem aqutica para as aves modernas. "O grande
problema que o ambiente aqutico mais propcio
fossilizao", conta. "Ele pode nos dar pistas
falsas."
Dinos brasileiros am por
"exploso demogrfica"
Faz 65 milhes de anos que eles se
extinguiram, mas, paradoxalmente, os dinossauros
brasileiros esto ando agora por uma exploso
demogrfica, pelo menos em nmero de espcies
descritas. E, entre eles, nenhum grupo est
florescendo tanto, em termos de conhecimento
cientfico, quanto o dos titanossauros, herbvoros
pescoudos que foram os maiores animais terrestres
de todos os tempos.
Recentemente, a lista ou bem perto de ficar
ainda maior, com um gigante mais avantajado que
todos os j conhecidos. No se trata do j clebre
Maxakalisaurus topai, um titanossauro apresentado ao
pblico h menos de um ms por pesquisadores do
Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro). O M. topai ganhou, alm do nome
cientfico, o apelido de maior dinossauro
brasileiro, com 13 m de comprimento. Mas um
conterrneo e "primo" dele tinha pelo menos 15
metros de comprimento (e talvez chegasse a 20),
revela uma dupla de paleontlogos paulistas.
A existncia do monstro foi relatada por Rodrigo
Miloni Santucci, do DNPM (Departamento Nacional de
Produo Mineral), e Reinaldo Jos Bertini, da Unesp
(Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, em
artigo na revista cientfica alem "Neues Jarbuch
fr Geologie und Palontologie".
A regio de origem do bicho, o distrito de
Peirpolis, perto de Uberaba (MG), a mesma do M.
topai. Um dos revisores annimos do estudo, no
entanto, considerou que o material fossilizado
--duas vrtebras-- no era suficiente para, pelo
menos por enquanto, dar criatura um nome de
espcie.
"Foi muito frustrante. As vrtebras so
completamente distintas, nicas e muito
diagnsticas", declarou Folha Reinaldo Bertini,
que j "pai" de duas outras espcies de
titanossauro. Ele e Santucci haviam planejado
batizar o gigante, que tambm um titanossauro, de
Uberabasaurus magnificens ("lagarto magnfico de
Uberaba"). Por enquanto, diz o paleontlogo, a dupla
ficar em como de espera em relao ao material.
"Talvez formalizemos algo breve, em outra revista. O
mais importante foi dizer que estudamos o material,
que traz alguns pontos interessantes para
discusso", afirma.
Apesar de estar representado por apenas duas
vrtebras portentosas, o bicho revela alguns
detalhes interessantes. A bvia robustez dos ossos
sugere um andar lento e pausado, como o de um
elefante, e os paleontlogos encontraram uma
estranha assimetria nas vrtebras. "Seria algo
patolgico? Se o fosse, poderia trazer seqelas
coluna vertebral do animal", especula Bertini,
ressaltando que esse tipo de assimetria no era
incomum em saurpodes (o nome genrico para os dinos
herbvoros pescoudos). Como os demais bichos de
Uberaba, ele deve ter vivido h cerca de 70 milhes
de anos.
Famlia numerosa
Com mais esse achado, um "boom" tupiniquim de
titanossauros parece estar definitivamente
configurado. Max Cardoso Langer, paleontlogo da USP
de Ribeiro Preto, lembra que, at 1996, s duas
espcies de dinossauro (uma delas incerta) tinham
sido descritas no pas. De l para c, a conta
saltou para 15, um tero das quais so
titanossauros.
O que esses bichos, que apresentavam grande
variedade de tamanho (alguns eram relativamente
pequenos, com uns 10 metros) e tinham grandes
escudos sseos no couro, podem ter tido de especial?
"O nicho de grandes herbvoros no Cretceo [a fase
final da Era dos Dinossauros] da Amrica do Sul era
basicamente ocupado, e muito bem, por
titanossauros", diz o pesquisador. "Dos 90 gneros
conhecidos de saurpodes, algo como 30 so
titanossauros, e se voc se restringe ao Cretceo,
eles am a ser 30 dos 45. Fica claro que eles
eram, em geral, diversos como um todo", explica
Langer. Some-se a isso o fato de que talvez no
houvesse competidores de outras famlias por aqui na
poca, e fica explicado porque tantas espcies
desses herbvoros andam saindo das rochas do
Tringulo Mineiro.
Por outro lado, o paleontlogo Ismar de Souza
Carvalho, da UFRJ, diz acreditar que o "boom" de
titanossauros pode ser uma iluso criada pela rea
mais estudada, a bacia Bauru (que inclui os Estados
de So Paulo e Minas Gerais, entre outros), e pela
idade que a acompanha. "Se os trabalhos forem mais
diversificados geograficamente e temporalmente, os
grupos de dinossauros sero outros", avalia