Sob o ponto de vista botnico, a
pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi), uma espcie
pioneira e nativa do Brasil, no tem qualquer parentesco com a famlia
das pimentas. Na verdade, ela um parente do caju, da manga e do
caj-mirim, dentre outras conhecidas anacardiceas frutferas. O que lhe
confere esse nome so seus pequenos frutos (bagos), que durante a
maturao apresentam colorao brilhante e lustrosa, que vai do rosa
claro at o vermelho escarlate, tornando-os assim, semelhantes a uma
pequena pimenta. Em Santa Catarina a planta conhecida como aroeira ou
aroeira-vermelha.
Em outras regies do Brasil conhecida por
aroeira-pimenteira, pimenta do Brasil, aroeirinha, pimenta brasileira,
entre outros, j que ocorre desde o Rio Grande do Sul at Pernambuco,
nas restingas do litoral e em terrenos profundamente alterados pela ao
do homem.
No exterior foi introduzida na cozinha europia, pelo seu
sabor suave, adocicado e levemente apimentado, com o nome de poivre
rose. Dizem que a aroeira-vermelha acrescentou um gostinho tropical
nouvelle cuisine. O plantio da pimenta-rosa desponta como uma das
alternativas para a diversificao agrcola, principalmente por ser um
produto orgnico. Na atualidade a explorao de seus frutos se restringe
coleta manual em populaes naturais, presentes principalmente em
reas de restinga do litoral brasileiro, em especial no estado do
Esprito Santo.
Esse estudo foi pioneiro na caracterizao funcional do
sistema reprodutivo da espcie, sendo desenvolvido em uma rea natural
de vegetao de restinga e noutra rea alterada antropomorficamente. Os
resultados demonstraram que apenas, os tratamentos de polinizao livre
e polinizao cruzada manual em flores femininas resultaram em
frutificao, confirmando a dioicia da espcie. Desta forma, sua
estratgia a polinizao cruzada (xenogamia/alogamia), portanto
necessitando de agentes biticos para o transporte dos seus gros de
plen.
Sabe-se agora, que essa transferncia de plen est sendo mediada
exclusivamente por insetos polinizadores, que se constituem, na sua
maioria, de abelhas (Apidae, Halictidae, Colletidae e Megachilidae), de
moscas (Syrphidae, Calliphoridae, Muscidae, entre outras) e de vespas (Vespidae,
Pompilidae e Sphecidae), que visitaram as flores de ambos os Patologias ao
longo de todo o dia. As maiores taxas de frutificao encontradas foram
da ordem de 56,25% e 51,25% (nos tratamentos de polinizao manual),
entretanto, os resultados da polinizao livre tambm apresentaram taxas
de frutificao relativamente altas (43,75% e 41,25% em dois locais).
A
reduo no nmero de polinizadores ocasionou uma reduo nas taxas de
frutificao, principalmente na rea alterada. Entretanto, nesta rea,
esse problema parece ter sido atenuado, com o aumento da presena de
abelhas Apis mellifera, as quais tambm se mostraram eficientes
polinizadoras da espcie. Concluiu-se assim, que a polinizao livre
(mediado principalmente por abelhas) o mtodo mais indicado para
aumentar a frutificao da aroeira-vermelha, devido ao pequeno tamanho
de suas flores (<5 mm) e grande queda das mesmas, durante a
manipulao por ocasio de polinizaes manuais.
Nesse sentido, os
resultados obtidos nesse estudo, tornam-se um indicativo indito para a
conservao dos remanescentes de restinga e daqueles prximos s reas
de cultivo, como garantia da sobrevivncia de inmeras espcies animais
e vegetais e, por conseguinte das prprias populaes de
aroeiras-vermelhas.
Referncias bibliogrficas:
LENZI, M.; ORTH, A. I. 2004. Fenologia reprodutiva, morfologia e
biologia floral de Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae),
em restinga da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Biotemas 17
(2): 67-89.
LENZI, M. & ORTH, A. I. Caracterizao funcional do sistema
reprodutivo da aroeira- vermelha (Schinus terebinthifolius Raddi),
em Florianpolis, SC, Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, 26
(2):198-201.
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